Dia 60

Às luzes da cidade coisas acontecem, contraste de pessoas, imóveis e lugares. 
De um lado a senhora distinta em traje elegante porém triste, toma uma bebida quente em sua caneca de porcelana francesa com pouca simplicidade. Do outro um boteco, um garçon e centenas de baderneiros alegres dividem a garrafa de uma bebida qualquer num mesmo copo. De um lado a suntuosidade de uma pequena doceria. Do outro um galpão sem mais nem menos só ali servindo bebidas a moda do freguês.
Misteriosamente sempre adormecemos e acordamos nesta cidade, enlouquecidademos nela também. Sempre tem uma sombra em nosso rastro. É como o batom deixado no guardanapo de linho branco. A gente sempre sabe o que nos faz bem mas teima em provar fazendo uso e abuso do contrário. É a inversão dos cenários. Luzes contrapostas e impostas a nós. Tudo isso importa agora. Não é pra ter sentido é pra ser entendido e nada mais. Na obscuridade da cidade pessoas morrem e vivem na longínqua sombra delas mesmas. De um lado uma senhora bebe em  meio a badeirneiros alegres uma bebida qualquer sem copo, no gargalo. Do outro a vazia suntuosidade de uma doceria às moscas.

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