Dia 73

Eu queria que ela soubesse que eu nunca esperei muito. Só esperei um pouco de carinho e atenção talvez... Mas, é isso aí a vida continua pra mim.
Eu era alguém de bela aparência, fino porte, tinha uma certa elegância sabe. Alguns me amavam outros me odiavam. Ela me amava e me deixava sempre na sua melhor visão. Seus dedos finos e delicados sempre passearam sobre mim como se procurando a indagação que pudesse explicar a resposta que ela tanto esperava. É isso mesmo! Era tudo sempre bem confuso pra nós. Lembro que passei por muitos lugares, conheci pessoas, histórias, mas não mudei minha essência aliás, ela vive até hoje dentro de mim, mesmo que eu nao esteja mais vivo. Era eu alguém que transparecia felicidade, sorria quando sorriam pra mim, imaginava uma vida melhor mais que fosse com ela. E se a estrada se abrisse eu não me importaria, se voltasse para lá para aquele abraço cheiroso e quentinho que eu tinha depois de tanto viajar. Ela me acolhia e me recolocava no lugar de seu agrado, não pestanejava afinal eu amava seus dedinhos delicados passeando sobre mim e sorrindo. Um dia vi seus olhos chorar por um alguém que não à merecia. Isso cortou meu coração já de papel em finos pedaços e camadas de agônia, literalmente me desfiz com o relógio biológico e com a melâncolia de nada poder fazer. Quem era eu? Um livro sobre a mesa.


"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura".
 - João Guimarães Rosa

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