Aquela casa
Entra, aqui por dentro tá meio assim, mas é aconchegante.
Minha casa, móveis imóveis e o chão com a poeira que nossos pais deixaram dos sapatos deles.
Aqui tem rabiscos nas paredes de quando nossos sonhos eram feitos de fantasias reais.
E esses risos fáceis nas fotos, ah, são nada menos que as caretas que o pai fazia atras daquela câmera enorme pra gente mostrar os dentes. Não se lembra mais?
E a vó? Nada de cadeira de balanço! Aquela velha era mais espoleta que qualquer criança. Mais eu amava, ainda amo.
Entra, na sala ainda tem aquele relógio que você dizia ser do tempo de D. Pedro.
Entra, pois essa casa diz muito sobre você e nós não podemos abandonar o que fomos nunca.
Entra e mesmo que já seja maior que sua cama, fica.
Fica, não só pra me fazer companhia e pra encher de gente essas memórias.
Venha e não me deixe ser a poeira que nossos pais deixaram antes de fecharem as portas.