É, eu estava com saudade de colocar mais de mim aqui.
Expresso
Era pra ser um dia comum, como qualquer outro, mas não foi. Sabe aquele dia que começa de ponta cabeça e de cabeça pronta? Então, foi desses. Com direito a resguardos e pequenas ressalvas.
Lembro até hoje o dia em que eu te vi, te sonhei. Era você tão jovem ainda e eu tão velha por dentro. Sentia-me acabada e transbordando rebarbas.
Vinte de março e um dia frio. O dia 19 tinha sido meu inferno astral, creio.
Dia vinte voei sem fantasia só eu Laura e o vento. Coberta de roupas e nua de alma. Senti que estava em busca de algo. Era o tal do expresso.
Uma e vinte da tarde, trem lotado e você lá, se espelhava em mim, eu senti. Na verdade, me sentia incomodada com seu olhar. Parecia tanto comigo, mais tanto que levantei de onde estava e fui saber.
Seu nome era o meu, sua alma era a minha, seus pensamentos de algum modo me pertenciam.
Você analisou de dias e noites. E me disse a seguinte coisa:
-"Eu estou expressa em você. Nota: Se você viaja, eu viajo. Se eu vivo, você vive.
Então não desista, e vá."
Isso nocauteou minha mente, fez barulhos, me fez beber e escrever coisas alheias que guardo até hoje.
O expresso ficou e eu fui.